sábado, 31 de março de 2007

simples assim


É aquele ritual mecânico de descer dos altos agulha e ficar cara a cara com o espelho. O mesmo processo de sempre. E depois, tirar os brincos, o vestido, a lingerie La Perla, atirar as almofadas aromatizadas no tapete, cair na cama, olhar no relógio, pensar, não dormir. Permanecer. Seu telefone convencional insiste em não tocar; o celular, idem. Você bebe um copo d'água, abre a sua Caixa de Entrada - nada de email's-, ouve Mozart, Leo Ferre, Nina Simone, Elis Regina e até aquele imitação barata da Britney Spears que está no top das paradas desse Brasil ignorante. A noite vai sumindo aos poucos, mas a sua ansiedade continua solta pela atmosfera. E não é uma sensação ruim, entretanto, não é uma das melhores. É estável, mas você nunca está estável, por isso, é estranha. Você já leu todos esses livros da sua estante; já assistiu a todos esses DVD's; já comeu duas trufas; já foi até o banheiro várias vezes; leu a Vogue, a Elle, a Paparazzi, a Nova e até a Veja. A questão é simples: por que você não consegue dormir? Será que é impossível assim? O que você fez de errado dessa vez? Nada? É, digamos que nada. E pra que tanto desespero? Você não comeu demais e nem está chovendo. Você não levou nenhum fora, e a conta do restaurante foi paga naturalmente. E você não bebeu nenhuma gota de álcool por medo de engordar. Você foi pra academia quatro vezes essa semana e não teve dificuldades para se levantar de manhã. Seus cabelos estão lindos, seu bronzeado causa inveja, suas unhas estão perfeitamente manicuradas. Será que tudo isso é por causa dele?


Então, você lembra dos seus remédios para dormir e mal consegue abrir os olhos no dia seguinte.

sexta-feira, 30 de março de 2007

gc não superou b

No meu sonho ele beijava mal, bem do jeito que elas haviam falado. Mas isso não importava. Quem decide o tipo de beijo sou eu, sempre posso estar no controle na situação. É uma contínua repetição dentro das minhas retinas. O mundo se torna pequeno demais quando eu olho a nuca dele durante horas a fio, todos os dias. B num casaco Puma branco, B numa camiseta Iodice, B calçando Nikes pretos, B usando um boné Von Dutch, depois B dentro do uniforme do colégio, fazendo pose de irresistível, sempre com uma boa razão para sorrir e me fazer derreter. Lindo de tirar o fôlego, é impossível odiá-lo, mesmo quando ele não me olha. B dirigindo a BMW do pai dele, sem permição. B com um drink na mão e os olhos perdidos entre coxas de mulheres (incluindo as minhas). B conversando comigo, sem intenção nenhuma. Já eu, sempre com segundas intenções, sempre querendo ele nos meus braços. Logo. Porque ele é lindo. O meu B. O gostosão desconhecido. O dono dos meus motivos. O garoto dos meus sonhos.

GC definitivamente não superou B.

quinta-feira, 29 de março de 2007

b

... e a força serena do seu corpo estendido que basta para inflamar minha pele e minha alma. Não, nada me amedronta quando estou nos barços dele, nada. Trasformo meu fôlego no eco das batidas do seu coração, meu corpo no reflexo do corpo dele e a sua perna que me envolve, transforma-me numa corrente invencível. Eu o olho dormir e a sombra dos seus cílios sobre seu rosto mal barbeado, seu jeito de criança, sua mão abandonada, liberam em mim paixões desproporcionais.

(Lolita Pille)

E a pergunta que não quer calar: será que GC vai superar B?

terça-feira, 27 de março de 2007

o garoto dos sonhos

Sentiu dissolver-se na atmosfera um cheiro estranhamente familiar, enquanto observava cada fio de cabelo castanho que roçava aquela nuca bronzeada de sol. Talvez o cheiro fosse meramente uma ilusão e tampouco um perfume conhecido de memórias passadas, daqueles que a gente tem mania de lembrar quando um príncipe encantado (ou não) chega perto, sem a menor das intenções. E por mais irreal que parecesse, aquela fragrância estava mesmo sendo exalada do pescoço dele. É, dele. Do príncipe encantado. Do desconhecido gostosão. Do garoto dos sonhos.

Entendem por que eu quero tanto?

domingo, 25 de março de 2007

quando eu falo sério


Tontura. Você tem vontade de tomar todas as drogas do mundo, mas sabe que elas não farão diferença nenhuma. Agora você entende os porquês que antes não entendia, e toda dor que não sai dali de dentro (é, bem ali). Está distante do que é palpável, e mais ainda do que você pode imaginar, porque você nem ao menos se lembra que pode fazê-lo. E você não sabe o que vai acontecer amanhã. São apenas sorrisos macios e olhares oblíquos que não significam mais nada. Você só quer ficar sozinha, fingindo todas as suas emoções, fingindo estar sob qualquer efeito. A questão é que você não sente. Não sente nada. E continua machucada.


sábado, 24 de março de 2007

Crises adolescentes

Você está sempre se protegendo dentro do seu limbo impessoal. E eu continuo dando mole, respondendo todas as suas perguntas numa rapidez de dar inveja. E o pior é que tudo foi totalmente por acaso, eu não precisei nem me acostumar, porque você estava lá metido num terno preto, com os olhos sempre cheios - cheios de planos que, certamente, não me incluíam - e com o mesmo sorriso de cada dia que me impede de ver o que você sente. São tantos acontecimentos, em menos de um segundo, que demoram o tempo exato para que eu perceba que estou fazendo cara de empolgação e reze para que você pense que eu estou agindo naturalmente (ah, tá). Acontece que não é intencional, é meramente uma reação captada pelos meus sentidos toda vez que você chega perto -lindo, sempre lindo. Pode ser que seja o momento, a carência que brota do meu incosciente, mas eu vou me apaixonar pela tua caranga de homem quase feito e pelo cheiro dos teus cabelos castanhos lavados que me entontecem todos os dias. Eu sei que vou, mesmo sabendo que poderei ser engolida pelos seus nãos e seus porres nas nossas festinhas internas, na cobertura do apê de um amigo, onde se gasta quatro horas no salão de beleza para descer até o chão e acabar voltando pra casa com os cabelos sujos de qualquer bebida e não lembrar de mais nada no dia seguinte. É bem desse jeito, essa vida noturna boêmia. Você, por acaso, lembra por que não ficou comigo na nossa última farra? Está certo que você estava bêbado, mas eu lembro. E foi por causa do bosta do meu ex. Aquele infeliz que rasteja por mim desde de que eu terminei o namoro. E se não fosse por causa dele, hoje, estaríamos vivendo felizes para sempre, tenho certeza. Mas você ficou com medo de apanhar, né? E, agora, eu vou me fazer de difícil até não agüentar mais, e acabar grudada nos teus lábios salientes. Ah, se vou!

sexta-feira, 23 de março de 2007

entre parênteses


Vivendo entre parênteses, sem o mesmo gosto. O mesmo contexto. As mesmas contradições. A mesma embriaguez de corpos da semana passada. Os cabelos molhados, o perfume exalado. Coração, coração, coração. Entre idas e vindas, passos na areia e sorrisos atados. Canções. Deitados na grama, onde rolam e beijam; e riem e cantam o som dos amores. Homem-menino, teu vício me impede de analisar esses teus pontos fracos. Na rua, no teu carro, na dança, aonde você quiser...
E agora, adivinhem se deu certo.

quarta-feira, 21 de março de 2007

7 coisas

7 coisas que eu tenho que fazer antes de morrer:

criar uma grife
fazer um intercâmbio na Europa
morar no Champ Elysées
escrever um livro
estar na primeira fila da Paris Fashion Week
comprar uma jacuzzi Lascala
ter filhos com os nomes: Valentina, Zara, Bernardo e Marjorie

7 coisas que mais digo:

e que importância tu achas que isso tem pra mim?
agora não!
como é que tu estás?
duvido!
alô?
compra, mãe?
juro que é o último

7 coisas que faço bem:

me vestir
reclamar
mentir
escrever
criticar (no "bom" e "mau" sentido)
fotografar
criar

7 coisas que não faço bem:

serviços domésticos (porque estraga as unhas, as mãos e eu definitivamente não nasci pra isso)
economizar
confiar nas pessoas
ficar calada
puxar assunto
demonstrar emoções
disfarçar mau-humor

7 coisas que me encantam

moda
fotografia
expressões faciais
cinema
livros
Audrey Hepburn
poesia

7 coisas que odeio:

ter compulsões
ser acordada
emotividade exagerada
interrupções
esperar
pessoas que me contradizem

domingo, 18 de março de 2007

às vezes é melhor não sentir

... meu pesadelo que acaba e abro os olhos para o pior. Minha cabeça está latejando e minhas pernas estão moídas. O gosto de fracasso pode ser sentido por mim até nos meus sonhos. Que dia é hoje? E só depois percebo meu celular gritando ao meu ouvido, me falando coisas que eu não desejaria ouvir ao meu pleno despertar da desgraça. Ele se desculpa, diz que estava descontrolado, que não pensou direito, enquanto eu tento entender do que se trata tamanho remorço e relembro cada frustração de ontem à noite: o choro que insistia em não sair e o álcool de várias substâncias penetrando nas minhas células. Tento ouví-lo, mas estou ocupada demais mexendo na minha pulseira de cristais Swarovski. Ele repete, chora, diz que quer voltar, que estava de cabeça quente, que me ama mais do que tudo, que recebeu um choque quando eu decidi terminar o namoro. E eu não presto atenção em nada, em nada. Apenas digo "sim", "ok", "vou pensar". Levanto da cama com dificuldade e com o celular ainda no meu ouvido. Vou para o banheiro e o espelho me fuzila, mostrando a minha piastra detonada, minha maquiagem borrada e meus olhos mais confusos do que nunca. Dormi sete horas. Queria dormir até esquecer de tudo, pra ter coragem de entrar naquela sala, amanhã. Mas não, eu não posso. Tenho um zilhão de coisas a serem feitas. Tenho que desfazer um zilhão de mal entendidos. Tenho que voltar a mim mesma e erguer a cabeça do jeito que eu sempre faço. "Sim, eu entendo. Eu vou pensar, juro. Até mais, tchau". Uma mentira atrás da outra, um remorço atrás do outro e um vazio imenso me consumindo. Ressaca. Interior, exterior, implícita, explícita. Ódio. Do garoto do meu
sonho, do ex namorado querendo que eu volte para ele, das minhas amigas, de mim mesma. Minha pele ainda exala cheiro de Hugo Boss, e eu nunca me senti tão perdida em toda a minha vida. Por que? Por que? Perguntas desprovidas de respostas, corpos que não lembram mais de mim, músicas engolidas pelos meus movimentos frenéticos, fotografias jamais reveladas, olhar magnético fingindo força e dois pedaços enormes de bolo de chocolate.


Vou morrer o dia inteiro.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Ele não é o mais bonito, nem é o mais simpático, nem o mais alto, mas parece brilhar um pouco mais que os outros.

E eu não faço idéia do porquê. Não faço, mesmo. Talvez seja o boné Von Dutch preto que ele usa. Talvez sejam seus olhos que expressam características pessoais demais para que eu possa desvendar. Ou aquele sorriso que me derrete cada vez que trocamos olhares, quase sem querer. Eu não sei, eu não sei, eu não sei! Eu sonho com ele. São sonhos nítidos, sonhos bons. Sonhos de quem raramente sonha. Sonhos repetidos, de menina, de mulher. E foram quatro vezes em duas noites. Pode ter sido apenas um sonho, meramente um pensamento. Só me lembro de ter acordado e dito baixinho o nome dele. Mas ele não veio até mim e nem me beijou. Não foi como nos meus sonhos, nem como nos meus dejesos mais concretos. Esses meus desejos febris, quase inocentes...

Dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão...

... e com a pele lisinha, as unhas perfeitamente manicuradas, um vestido Dimy preto e cor-de-rosa que eu paguei com a minha própria mesada (de modo que foi baratíssimo) e sapatos pretos Miu Miu pelos quais estou a-pai-xo-na-da!
Mas isso tudo, é só amanhã. Que a festa de Renatinha me aguarde!

quarta-feira, 14 de março de 2007

o terceiro


... afagar os cabelos louros escuros e ficar na surdina por incessantes milésimos. É como um filme em câmera lenta que nunca mais acaba, nem em nossa memória. Por falta de tudo o que jamais será suprido: o cheiro, o toque, as imensas entrelinhas.


Okay, okay. Você venceu, batatas fritas!

terça-feira, 13 de março de 2007

Vagas lembranças...

Meus braços ansiosos sofrem com essas reminiscências que carrego, e minha boca tenta balbuciar palavras, mas está tensa. Pernas moídas, em busca desvairada de outras. Coxas desconsoladas perdendo a pressão dos dedos firmes que as tocam. Corpo estendido em imaculados lençóis, junto a outro; junto à morte inativa que paira sobre os nossos sonhos mais inconscientes.

domingo, 11 de março de 2007

(in)sensível

É preciso ser sensível para gostar dela, é preciso ter um quê de poeta.

Não, eu não sou sensível e nem aparento ser. Pelo contrário, sou insensível demais, pelo que as pessoas falam. Elas nem sempre estão certas em relação a essas colocações, mas eu preciso concordar que estou longe de ser uma pessoa que demonstra tais sentimentos.
A verdade é que eles estão lá dentro. E que eu os reprimo até aonde eu puder. Seja por mania, por medo ou por indeferença. Não suporto pessoas emotivas demais, que batem na mesma tecla até ninguém mais agüentar. Aquele tipo de gente que precisa de palavras para sentir, para ir embora, para notar que está incomodando. O tipo de pessoa que não se "flagra", nunca sabe a hora de parar, que fala mais do que observa, que diz sem pensar.
Calma, não se iludam, afinal, isso não quer dizer que eu não gosto de ouvir um "eu te amo" ou receber flores sem ter um motivo específico. Eu sou uma pessoa educada, dificilmente perco a linha e me rebaixo a níveis inferiores ao meu. Mas quem suporta pessoas que tem medo de quebrar por qualquer motivo? Ou que fingem fragilidade para sair ganhando? Sinceramente, isso não faz a minha cabeça.
Certa feita, conversando com a minha psicóloga, comentei sobre esse meu aspecto de não entregar meus sentimentos às pessoas, de não confiar nas mesmas. Comentei sobre a minha insegurança em ouvir elogios da boca dos outros, ou de não reagir a coisas extremamente "bonitinhas". Confesso que relutei em aceitar a resposta dela, uma vez que esse é o meu jeito de ver as coisas, de me relacionar com os demais - ainda que e me ache superior em diversos casos. Mas ela me fez ver que toda essa frieza é motivo de auto-preservação; é diferente de medo, claro. É minha desefa pessoal, meu constrangimento em amar as pessoas, em ser surpreendentemente evasiva.
Ainda não sei, exatamente, se isso faz bem ou faz mal pra mim. Mas por trás dos meus óculos escuros, eu sou como uma bonequinha de porcelana: sensível. E pra gostar de mim? Tem que ter, sim, um quê de poeta.

sábado, 10 de março de 2007

Vocé. É, você...

Eu sei, inúmeras vezes eu te dou motivos que fazem você pensar que eu não te amo mais: dar uma esnobada, ligar e não dizer o tão indispensável "eu te amo", desligar na sua cara, ter sempre que sair, ignorar seus beijos, debochar das suas precupações comigo. Mas você já parou pra pensar em como me deixa irritada? Pois é! Você consegue me irritar por muito menos do que uma simples palavra errada, e sabe muito bem disso. Não é somente seus jeans que você insiste em usar com Havaianas, ou o seu cabelo crespo mal cuidado, ou sua manina de falar "haha" depois de cada frase, ou o seu jeito idiota de dizer as coisas de maneira errada, ou sua emotividade exagerada quando eu não estou a fim. É mais do que isso, bem mais! É esse seu corpo anoréxico nada atraente, sua fala enrolada que me deixa à beira de um colapso, seus papos sobre a geografia da cidade, sua bandinha de merda, sua lentidão exasperadora em fazer as coisas, dá pra entender? Dá pra entender porquê você me irrita tanto? É pra levar qualquer garota que se preze ao ápice da loucura, de uma forma bastante negativa, eu diria. Perto de você, eu sou uma princesa, todos falam. Eu sou areia demais pro seu caminhãozinho, e não fui eu que disse isso, foram todos os outros, e eles estão certos em te rotular de lerdo. Lerdo e feio! A propósito, muito obrigada por morar longe de mim, e por esquecer, na minha casa, a aliança de ouro branco que eu te dei de presente, e por esquecer que você disse que ia ligar, e por me culpar por ser tão... malvada! Mas apesar de tudo isso, você me tem. Quer dizer, me tem mais ou menos, da mesma forma que eu. Talvez eu nunca mais possa olhar pros seus olhos de peixe morto e perguntar o que aconteceu. Talvez eu nunca mais durma em cima do seu peito magro. E, sabe de uma coisa? A culpa não vai ser minha, vai ser sua, porque você tem o poder de me irritar. E sabe de outra coisa? Por mais que seja inoportuno, eu ainda consigo dizer que te amo.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Festa, festa, festa

Festa na casa da Stephanie. Onde a Stephanie mora?
O que eu vou vestir? Jeans Forum, bata preta com fita de cetim e sandálias prateadas TNG? Ou vestido estampado Carmim, rasteiras douradas e minha linda pulseira de cristais Swarovski?
Na verdade, eu não tenho cabeça pra ir naquela festa. Nenhum pouco. Mas eu tenho que honrar a minha reputação, não é? E dependendo das conseqüencias, até que pode ser bem divertida, apesar das minhas pernas moídas e minha cabeça explodindo.

Espera aí... será que eu não desisto de tudo e visto jeans Colcci, camiseta com "Glamour" em paetês e Nikes prateados com rosa?
Já tô vendo que a guerra vai começar...

Desejem-me uma boa festa, por favor.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Essas mulheres...


Audrey Hepburn: pela mulher linda, sofisticada e solidária que ela foi.

Ser mulher é muito mais do que ficar horas se arrumando na frente do espelho, como se tivéssemos precisado de criadas bem treinadas para nos atender.
É mais do que ter as mãos delicadas e as unhas perfeitamente manicuradas.
Ser mulher não é apenas ter os cabelos cheirosos e os fios em seus devidos lugares, até mesmo quando venta.Ou ter o consolo estampado nos nossos cílios de borboleta.
É mais do que chorar em um filme triste e ficar com um rostinho meigo.
Ser mulher não consiste apenas em fazer crianças pararem de chorar.
Significa fazer com que todos sorriam.
Ser mulher é fazer o inventário do guarda-roupa inteiro e não ter nada para vestir.
É muito mais do que comprar todas as coleções dos melhores estilistas só para aliviar a depressão.
É procurar nuvens no céu que se pareçam com a gente.
É ter trilha sonora para os romances.
Ser mulher é tentar não se apaixonar.
É trazer os homens para perto, para que eles fiquem apaixonados.
E não quer dizer que não amamos. Mulheres tem apenas medo de quebrar.
Ficamos tristes quando acabamos os namoros.
E é verdade, vingamos-nos quando temos razão.
Ser mulher é mais do que se dar ao luxo de dizer que não agüenta mais.
Ser mulher é resistir.
É existir.
E muito mais do que existir, ser mulher é gerar novas vidas.
Ser mulher é ser forte, mesmo quando tudo está por um fio.
É ter a certeza de que iremos conseguir.
É vencer.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Esgotada

Eu poderia estar dentro de uma câmara de bronzeamento. Ou lendo uma edição da Vogue e babando pela nova coleção de Alexandre Herchcovitch. Eu poderia estar naqueles almoços maçantes dando três beijinhos e dizendo "como vai?" para todo mundo. Ou numa aula de yoga. Ou dando uma volta de carro por aí. Ou fazendo compras. Eu poderia sorrir e ser simpática com toda aquela gente chata, só pra honrar a minha pessoa. E molhar os meus pés no melhor mar do país. Ou faltar aula e viajar com o som de Regina Spektor. Eu poderia ligar pra qualquer pessoa para tomar um capuccino no Le Petit Café e comentar sobre quem engordou desde o final das férias. Poderia sentar a bunda naquelas cadeiras de couro preto do meu salão preferido e só sair de lá quando estivesse realmente gostosa. Mas eu realmente prefiro não fazer nada disso. Eu só quero afundar a cabeça no meu travesseiro mega macio e dormir até que o meu cansaço tenha sumido por completo e até eu acordar com o clamor da manhã de fim de verão.

terça-feira, 6 de março de 2007

Pessoas


Pessoas: aquele monte de personagens inertes, apressados, com suas expressões carregadas, suas bocas entorpecidas e seus olhos implorando por dias melhores. Mesmo os pobres, os ricos, todos eles. Todos olham e não vêem passar o tempo, seja no inverno ou no verão, enquanto suas sombras deslisam pelas avenidas cheias de lojas e anúncios, out-doors com rostos ampliados e retocados, vitrines com roupas e preços, com tudo o que elas já têm e sentem-se enfadadas por não existir nada melhor, e todos os produtos supérfluos der que elas não precisam. Esses rostos ocultos não sabem quem são, nem da onde vieram. Alguns, perderam seus sentido, perderam-se nas próprias linhas desfiguradas de suas faces maqueadas e exaustas - exaustas por terem de agüentar os outros: os chefes, os pais, os flertes, ou aqueles que assitem tudo às escondida, quem têm poderes para confundir essas vidas ao redor de problemas intermináveis. Milhões de seres escrotos tropeçam nas próprias pernas, às vezes, sem querer. Censuram seus traidores, fuzilam atitudes baratas apenas com aquela mesma visão antiga e fosca, sufocam seus próprios ideais usando roupas um pouco -somente um pouco- mais caras ou mais recentes do que as deles, dissipam suas silhuetas em uma cama - em noites que, de certa forma, não deveriam ter existido. Seus dedos bêbados viciam-se com os mesmos toques, o mecanismo usual de pendurar bolsas de dois mil em seus ombros bronzeados e esguios. E os homens, pagando bebidas caríssimas só para transar com modelos anoréxicas, à beira da morte, que ainda insistem em fazer biquinho para a platéia aflita, com saltos altos embaixo do corpo maltratado e grifado. Enquanto criancinhas morrem de fome por todo o lado, em cada esquina, e trabalhadores honestos lutam arduamente por salários mais dignos, afim de colocar pão em cima da mesa para os seus cinco filhos -deixando de lado o que está na barriga de suas mulheres- que crescerão desajustados e drogados, aceitando qualquer "bico", já que não têm emprego, nem estudo, nem vontade. Mas não interessa, ninguém está ligando para toda essa gente. E não, a culpa não será dos trabalhores honestos, afinal deram educação e decência ao seus filhos, sem contar os valores positivos dos seres humanos. A culpa é de quem anda por aí com o jornal na mão e o olhar despreocupado, aquele monte de personagens inertes. A culpa é da sociedade, de todos, e não há cor, raça ou credo que a delimite, é apenas uma questão de opinião.


(post confuso de uma autora confusa)

domingo, 4 de março de 2007

Complexo dos anos 60

Post fraquinho, bem fraquinho. Só pra não perder o costume e pôr para fora o que eu preciso dizer sobre os anos 50 e 60.

... eu cheguei à conclusão de que a maioria das pessoas não se importa em ter classe ou em ser educada, elas simplesmente não estão nem aí. Não é algo que me incomoda, mas a minha insistência em querer ter vivido naquela época preta e branca, onde tudo parecia mais sofisticado, ninguém usava jeans, todos eram perfeitamente educados e todas as mulheres tinham cabelos incríveis, enfim, essa minha ânsia é algo que não vai acontecer, é como um sonho.
Quem dera ser Audrey Hepburn em Como Roubar um milhão de Dólares ou Anne Baxter em A Malvada, e ter um namorado tão lindo quanto Clark Gable em Aconteceu Naquela Noite. Eu sei, havia uma guerra naquele tempo mas ainda sim era melhor porque todos conseguiam viver em harmonia entre um cigarro no bico e um drink na mão.
Mas como nada disso pode se tornar realidade, eu me contento em apenas contemplar os meus DVD's clássicos e os meus romances ultrapassados.

sábado, 3 de março de 2007

O meu amor é vingança



Estaria mentindo se dissesse que nunca imaginei nossos corpos se encontrando. Durante algum tempo, esperei teus lábios salientes roçarem de leve a minha boca, para sentir a química. Desejei estar de noite ao teu lado, no teu colo, degustando tua pele em etapas, com algumas doses de beijos, e mergulhar a fundo no azul celeste dos teus olhos exaustos, buscando teu ponto fraco, relendo as entrelinhas enigmáticas do teu rosto imaculado. Imaginei-me cantando baixinho no teu ouvido, com um sussurro débil, aquelas melodias do teu incosciente que tu tanto gostas. E para sempre tu irias achar, se acontecesse, que eu era tua dona e te fazia estremecer. Embalado no balanço do meu corpo, tu provarias, uma a uma, as minhas inocências libertas, até cessá-las. Tu me envolveria em teus braços ansiosos, amaciaria meu sorriso - deslisando mãos leves pelas minhas costas - só pra eu ser feliz...

quinta-feira, 1 de março de 2007

Entre os lençóis de cetim

... passou a noite inteira me apalpando, até a aurora se levantar e iluminar as nossas carnes exaustas. Não era um toque qualquer, era diferente dos anteriores, havia mais delicadeza. Era um toque que emergia ansiedade. Seu braço pousava nas minhas costas e testava meu corpo, parte por parte, sempre descobrindo marcas explícitas que saiam do meu inconsciente. Jazíamos imaculados e submersos em meio aos lençóis de cetim, lendo um as entrelinhas do pensamento do outro. Roupas atiradas no tapete persa, bocas entreolhando-se numa sincronia perfeita, desejos delineados nas nossas faces desfiguradas. Podia ouvir, do fundo da minha imaginação mais longínqua, melodias de uma música antiga, mas expressiva. De costas você me parecia tão familiar, tinha algo Cary Grant no jeito como você se movimentava cautelosamente, minhas mãos acariciavam sua nuca e meus beijos quentes e incansáveis faziam renascer seus anseios naquela noite fria. Pernas entrelaçadas, braços estreitando algo mais do que o corpo, e o cheiro de paixão exalado dos nossos suspiros discretos. Aos poucos, tudo se acalmou e você dormiu como um anjo terno, enquanto eu olhava seus traços e os comparava com cada raio de sol miúdo que era filtrado pelas cortinas.
Na minha cabeça, aquela música velha voltou a tocar, saudando a nossa imensa solidão a dois.