quinta-feira, 1 de março de 2007

Entre os lençóis de cetim

... passou a noite inteira me apalpando, até a aurora se levantar e iluminar as nossas carnes exaustas. Não era um toque qualquer, era diferente dos anteriores, havia mais delicadeza. Era um toque que emergia ansiedade. Seu braço pousava nas minhas costas e testava meu corpo, parte por parte, sempre descobrindo marcas explícitas que saiam do meu inconsciente. Jazíamos imaculados e submersos em meio aos lençóis de cetim, lendo um as entrelinhas do pensamento do outro. Roupas atiradas no tapete persa, bocas entreolhando-se numa sincronia perfeita, desejos delineados nas nossas faces desfiguradas. Podia ouvir, do fundo da minha imaginação mais longínqua, melodias de uma música antiga, mas expressiva. De costas você me parecia tão familiar, tinha algo Cary Grant no jeito como você se movimentava cautelosamente, minhas mãos acariciavam sua nuca e meus beijos quentes e incansáveis faziam renascer seus anseios naquela noite fria. Pernas entrelaçadas, braços estreitando algo mais do que o corpo, e o cheiro de paixão exalado dos nossos suspiros discretos. Aos poucos, tudo se acalmou e você dormiu como um anjo terno, enquanto eu olhava seus traços e os comparava com cada raio de sol miúdo que era filtrado pelas cortinas.
Na minha cabeça, aquela música velha voltou a tocar, saudando a nossa imensa solidão a dois.

5 comentários:

Jana disse...

Uhuu, as coisas andam quentes ai dentro não.

Mas sabe, na hora que a gente ama esqueçemos os lençois de cetim e ficamos com a melodia na cabeça rs

Beijos

Dani disse...

É muita paixão e desejo exalando nos poros. Mas tem coisa melhor???
bjssss

Anônimo disse...

Olá Garota...
Obrigado pela visita e pelo carinho... seu blogger é show e você escreve muito bem, sempre colocando as palavras perfeitamente bem!!!!

Voltarei sempre...

Beijão
Ótimo fim de semana!

Eli disse...

ah sim, esse gosto amanhecido de solidão a dois entre lençóis de cetim me trazem lembranças recentes. felizes. mas não completas... será que existe solidão a dois de verdade ou foi tudo um sonho? ;) tbm gostei daqui!!

Lis. disse...

E nós sempre os eternos misturados dentro da solidão que é coletiva...