quinta-feira, 31 de maio de 2007

aquele que eu acho transparente

Não quero chegar perto, eu só quero observá-lo. O meu olhar busca a profundeza daqueles olhos exageradamente azuis que me desafiam a mergulhar dentro deles. As covinhas enterradas no seu rosto abrem-se esplendorosas quando os seus lábios carnudos e cálidos sorriem. Os cabelos castanhos sempre bagunçados e as palavras trêmulas, na ponta da língua. O jeito de criança, a cabeça abandonada. Boné na cabeça e os jeans explodindo ao redor das pernas magras com músculos inibidos. Lindo. Fisionomia de arcanjo, sentimentos invisíveis. Eu acho que gosto dele, e isso é tudo mas não é nada.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

os ruídos e os perfumes circulam no ar da noite...


Meio tonta, deixo ele passar os braços ao redor da minha cintura e me guiar, sigo seus passos, entro no seu TT, a gente se manda pra algum lugar, o apê dele, eu acho. Ele entrega as chaves para o manobrista, vejo um filete de luz, estou desnorteada, amortecida. Estamos no seu apartamento com vista para o mar. É enorme. A decoração se parece com a minha. Ele me leva pra biblioteca e eu vejo mortos ressuscitando em todos aqueles títulos impressos em ordem alfabética, chega a dar enjôo. Quando dou por mim, estou nos seus braços, grudada em seus lábios degustando a imaculada textura de sua língua. Beijo de olhos abertos, quero saber o que ele está pensando. Minhas mãos correm leves pelas suas costas, jogo as minhas mechas louras para trás, ele enfia a mão no zíper da minha calça, eu faço o mesmo. Rasgo sua camisa, não interessa, ele deve ter cerca de duas mil. Ele já me comeu pela metade. Danço uma surda marcha fúnebre nos meus pensamentos mais distantes enquanto devoro e sou devorada pelos atos doentios e por toda a carência desse homem que eu não conheço. Me sujo dele o mais que eu posso, quero sentir uma dor inigualável, quero perder a noção das horas entre esse peitoral bem delineado. Fecho os olhos para me cegar da minha realidade, essa perversidade promiscua que afoga as minhas lamentações escrotas e consolida o orgasmo nascido dentro desse necrotério de romancistas boêmios. Sepulto os meus devaneios nos gemidos dele, respiro com dificuldade, perco totalmente o meu sentido. Transo com o meu fastio, pondero os meus sonhos, faço desse homem o objeto que ele nunca foi. Ele não merece, muito menos eu. A gente nem se conhece, mas se ama. Eu me apaixonei por seus olhos impermeáveis e magnéticos, ele se apaixonou pela minha pose de bipolar mimada. Estamos no mais completo eflúvio insano, a dor penentra nas entranhas, os sonhos viram pó e o amahecer ressuscita numa lentidão que nos exaspera. É tarde demais, ele está dormindo feito uma criança, com as mãos embaixo da cabeça, e o corpo . Os resquícios de sol adentram a janela, os plátanos centenários acordam do seu pesadelo noturno, e eu continuo deitada a procura do meu reflexo no céu.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

thursday, oh.

Que eu não percebo a forma como você age comigo. Que os seus olhos são como o amanhecer. Que você ainda não engoliu certas histórias. Que eu também ainda não as engoli. Que não poderei, talvez, te ter do jeito que eu quero. Que jamais você me olhe daquela maneira novamente. Que nunca mais poderemos ficar estrategicamente sozinhos. Que o timbre da sua voz permaneça no meu inconsciente. Que eu não possa beijar as suas covinhas enterradas no rosto. Que nunca mais riremos sem motivo aparente. Que nossas momentos de descontração sejam eternos fiapos de nostalgia. Que, principalmente, eu não me apaixone por você.

Coisas indispensáveis para o dia de hoje:
- meus comprimidos para dor de cabeça
- meus comprimidos para ansiedade
- meus comprimidos que eu não consigo parar de tomar
- bomba na escola
- mensagem inesperada de um antigo colega
- um capuccino com chantily, canela e lascas de chocolate
- um telefone para falar com alguém
- presentinho da mamãe
- meus calmantes, que servem pra bastante coisa nessas horas

terça-feira, 22 de maio de 2007

réplica

Lady dos olhos mergulhados no fastio, Lady dos cílios sôfrefos...
Imaculada Lady, porque é exatamente assim que eu a chamo. Às vezes a vejo chegando em casa, mas ela nunca está com a mesma expressão no rosto. Ultimamente parece estar indiferente ao sol que brilha no céu ou ao vento cortante que passa pelo seu pescoço. Deve ser psicólogico dela. Quase sempre sai de casa e quando retorna está cheia de sacolas nos braços, é uma consumista assumida, isso eu já descobri. Lady tem duas amigas muito parecidas com ela. As três são elegantes, bem vestidas e cheias de não-me-toques! Vivem dando risadinhas estéricas e falando ao telefone sobre namorados, boates e um tal de Burn Book, algo desse gênero. De vez em quando elas também dormem na casa dela, quando chegam bêbadas de alguma farra. Entram ho hall e fazem o maior barulho, parece até que um dia desses quebraram uma estátua de mármore da mãe de Lady. Há algum tempo, ela tinha um namorado, suponho que eles tenham terminado. Não sei como era o nome dele, ela não costumava chamá-lo pelo nome. Desde aquela época, Lady ouve músicas muito bonitas de um tal de Cazuza. Algo me diz que ela sente ele perto, de alguma forma. Às vezes, surpreendo-me vendo a garota na enorme sacada de seu quarto observando as pessoas por trás dos seus óculos de estrela de cinema, e confesso que ela fica irresistível quando faz isso. Os sonhos dela parecem nitidamente alcançáveis, ela tem tudo o que quer, pelo menos no sentido material. Já a observei escrevendo em um caderninho misterioso de capa e folhas pretas, deve ser o seu diário. O mais curioso é que enquanto ela escreve, seu i-pod rosa está grudado ao ouvido, e eu daria tudo para saber o que está escrito naquele caderno e que cantor maldito está sussurrando ao seu ouvido. Não nego, eu gostaria de morar naquela casa. Gostaria de tirar um pouco de tristeza do seu olhar. Às vezes eu acho que me apaixonei por aquela garota. Às vezes eu acho que me apaixonei pelo meu jeito de ser.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

...

- nome? quem sabe algum dia eu revele
- apelido? Garota Complexada
- cor favorita? cor-de-rosa
- time? ah, tá
- data de aniversário? 05/05
- onde mora? numa casa linda, com um jardim ma-ra-vi-lho-so!
- programa de tv preferido? GNT Fashion
- o que você tem no mouse pad? hum?
- cheiros favoritos? gasolina, Allure e Hugo Boss Woman
- pior sentimento do mundo? arrependimento
- melhor sentimento do mundo? ...
- dois defeitos seus? egocentrismo e sinceridade
- duas qualidades? inteligência e bom gosto
- a primeira coisa que você pensa quando acorda de manhã? "qual é o meu nome, mesmo?
- romântico? só escrevendo
- montanha-russa: assustadora ou excitante? não sei, estraga a escova
- caneta ou lápis? lápis
- quantos toques antes de atender o telefone? vai depender da minha vontade de atender
- comida favorita? italiana
- você se dá bem com seus pais? não
- quem você tem como irmão? Vicenzo
- você tem muitos amigos? amigos que não são amigos de verdade, tenho bastante
- se você tem, como se sente quando rodeado por eles? igual aos mesmos
- o que você mais gosta de fazer? comprar!
- chocolate ou baunilha? chocolate, of course
- sorvete preferido? morango (mentira, eu nem tomo sorvete)
- torrada ou bacon? torrada
- de quem você sente saudade? do Tony
- sente medo de? nascer pobre na outra vida
- quem você levaria para uma ilha deserta? meu i-pod
- qual seu signo zodiacal? touro
- qual o seu poeta favorito? Florbela Espanca
- qual sua bebida favorita? água
- para tingir seu cabelo de uma cor, qual seria? depende do que estiver em alta
- o que tem nas paredes do seu quarto? espelho, mural, um retrato de mim mesma e a janela
- o que tem debaixo da sua cama? o chão
- você é destro, canhoto ou ambi-destro? destra
- qual seu número favorito? 7
- noite ou dia? noite
- qual é o carro dos seus sonhos? quando eu fizer 18, eu decido
- esporte favorito? dançar!
- um grande amor da sua vida? nobody interesting
- está apaixonado no momento? não, não estou
- está sendo correspondido? não, não estou
- vale a pena amar? e tu ainda acredita nisso?
- que você estava ouvindo enquanto respondia este questionário? Se, do Djavan
- melhor beijo? o primeiro. doce, inocente, surreal
- menino ou menina que você mais amou na vida? eu mesma, panaca

domingo, 20 de maio de 2007

saturday night

Foi num desses lugares metidos que eu costumo ir. Nada fora do normal. Música alta, gatinhas no cio e homens classudos correndo atrás das mesmas. Entonei algumas doses de Tequila e vodca, não suportava mais aquilo. Mas de qualquer forma, eu já estava lá mesmo e não pretendia dormir na minha casa. Então, acabei ficando. Todo o pessoal se espremendo ao redor de três mesas, éramos em vinte, se não me engano. A gente comandava o lugar, a pista era só nossa. Aliás, pensamos que tudo é só nosso. E, na verdade, é quase isso. Whatever. Saí pra fora. Voltei. Eu disse sim e ele me agarrou. Não lembro direito o seu nome e muito menos as feições daquele rosto. Mas ele beijava bem, isso é o que importa de verdade. Okay, okay. Ele não é B, nem M, nem A. Não tem o mesmo charme, não é da mesma classe e eu não senti absolutamente nada enquanto a gente dava uns amassos na frente de todo mundo. Mas eu já superei A, M, B e o alfabeto inteiro. Então, pra que preocupações mesmo?
Pois é...

sexta-feira, 18 de maio de 2007

é tarde para saber

Penso. Eu fecho os olhos e penso. Abro os olhos. O resumo de tudo está nos meus cílios sôfregos, nos meus enormes olhos inocentes. A minha cara esboçando naturalidade, os lábios serenos e apertados sorrindo sem motivo. O meu ar de indiferença, os meus cabelos, a felicidade de algum tempo atrás. O misto de impaciência e nostalgia. Vontade de escondê-lo atrás da carapaça de cinismo envolta do meu corpo. Vontade de cometer um homicídio. De ser feliz. Penso, abro os olhos. As minhas mãos dissimulam uma ferida aberta, mas meu coração não sente mais. Desejos passados, inoportunos. Charme, pose de irresistível, olhar ofuscante. Ele roubou o meu vício. Fecho os olhos, uma lenta escuridão que eu percebo com volúpia. O seu nome baixinho, a esperança de um tempo atrás, tudo some e dá lugar ao orgulho. Eu já nem me importo, não gosto dele. Abro os olhos. A lucidez me leva inexoravelmente ao reencontro da minha vida incolor. Ultrapasso a introspecção, tenho a face mergulhada vazio e o organismo corrompido. Eis que ele surge novamente. Lindo. Afogo minha imaginação no travesseiro, me reviro. Fecho os olhos. É tarde para saber.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

a coisa podia ser bem pior...

Pare. O mundo é uma verdadeira carnificina de destroços beirando o irreal. Há várias gerações, a ascensão social corre solta por aí, até mesmo no trânsito turbulento da Hora do Rush. As famílias estão cansadas de pagar impostos para os políticos, que por sua vez, continuam saracoteando e enfiando dinheiro dentro de suas cuecas grifadas. Os empregos são disputados a tapa por um exército de universitários recém formados, cujos olhos brilham nos cristais da loja de cristais da esquina. A classe média continua ostentando seus bens mais preciosos (e não são poucos) e gastando além do que se deveria com lazer e outras atividades teoricamente supérfluas. Todos estão cansados, e vocês sabem muito bem. Todos tem família, emprego, um carro esporte meia-boca e um apartamento que ainda não terminaram de pagar. Engarrafamento, empregada, filhos, contas. Alguns até precisam andar de metrô. Se tiverem sorte, a prole irá proliferar com o triplo do que os pais têm hoje, uma vez que os mesmos orgulhar-se-ão dos pirralhos que botaram no mundo. Há aqueles que são meros pseudo-bons-partidos que usam e abusam da faixada, mas não vou me prolongar muito no assunto. O futuro se resume a uma réplica melhorada do presente, é assim desde sempre. Okay. Okay. Isso é tudo muito triste. Sou um pouquinho caricatural e totalmente individualista, eu confesso. Sei, portanto, que a maioria me acha uma desocupada e me odeia, além de detestar o meu visual e o meu ar blasé. Mas é engano de vocês me subestimar. É graças a isso que, possivelmente, me darei bem na vida, de um jeito ou de outro. Desde criança, fui educada com os valores positivos da sociedade. De modo que nunca deixaram de mencionar a parte ruim desse mundo cor-de-rosa. Sempre soube dos problemas, sempre paguei os meus impostos, sempre prezei por todo o conforto universal e sempre entendi que a propriedade é a origem da desigualdade entre os homens. E felizmente, não me queixo disso. Às vezes, estou no mais completo delírio, tomada por uma busca desenfreada de consumo e comodismo. Eu tomo antidepressivos como se toma Aspirina, e tenho vontade de me suicidar quando as coisas estão erradas comigo. É injusto, eu sei. Enquanto crianças morrem de fome, eu gasto dinheiro com os D's, os I's, os O's e os R's estampados em algum "pedaço de pano", como alguns gostam de dizer. Ao contrário do que pensam, não me importo muito com as críticas ao meu respeito, já me acostumei a ouvir que a culpa é sempre minha. As pessoas gostam de dizer isso como se eu tivesse cometido um crime. E é verdade que é um crime ser como eu...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

seven things

recebi da Soraya (www.memoriasaocurry.tripod.com/index.html)

7 Coisas que tenho que fazer antes de morrer:
criar a minha própria grife
escrever um livro
construir uma casa em Saint Tropez
comprar um jacuzzi Lascala
participar de um filme
tentar ser estável
dar uma festa no Ritz

7 Coisas que mais gosto:
falar e escrever sobre mim mesma
comprar!
ler revistas e editoriais de moda
fazer a ronda das boutiques com as minhas amigas
o meu gato
ir a boates
pessoas bonitas

7 Prazeres Fúteis:
assinar três revistas femininas mensais
fazer compras sem ter motivo
ter um par de sapatos para capa tipo de roupa
comprar tudo o que eu vejo pela frente
fazer coleção de bolsas
jantar em restaurantes caros
viajar quase todos os fins de semana

7 Coisas que mais digo:
whaaaaat?
ah, é? e por que não?
alô!
eu não!
como assim?
e que importância você acha que isso tem pra mim?
cagando pra ele (a), por quê?

7 Coisas que faço bem:
me vestir
mentir
desmentir
tirar fotos
reclamar
gastar
falar

7 Coisas que eu não faço:
andar de ônibus
beber cerveja
ser legal
tarefas domésticas ( arrumo o meu quarto em casos de extrema necessidade ou para perder calorias extras)
acordar no hora certa
sair de casa sem maquiagem
comer carne de porco

7 Coisas que me encantam:
beleza
homens charmosos
Porches
livros bons
tango
perfumes doces
homens gentis (mas não tanto)

7 coisas que eu odeio:
pessoas feias
ver escrito em algum menu "um toque de"
a palavra "serviço" no lugar de "trabalho" (existe coisa mais esdrúxula?)
aula de educação física
sujeira
imitações
erros de português

sábado, 12 de maio de 2007

why?

Faz uma semana. Minha garganta estava quase na boca, e aquilo era só o começo. Mas eu me desprendi já nos primeiros passos. Entrei, passei em frente à mesa dele e nunca, NUNCA, vi aqueles lábios sorrirem do jeito que sorriram para mim. Está certo que não faz nenhum mês que a gente se conhece, mas devo considerar, através de fontes seguras, que ele realmente falou que eu estava uma gata. E eu estava mesmo. Parecia uma princesinha dentro daquele cetim cor-de-rosa e mais os olhos brilhando de falsas pretensões. Eu confesso que sabia que não ia dar em nada, claro que eu sabia, mas o sorriso dele me fez acreditar. Num mundo onde a beleza inesgotável é a união entre duas pessoas em meio a lençóis brancos, considerando que eu estava linda demais, por que deu errado? A gente se engolia com o olhar por mais de quatro segundos. As mãos dele, cuidadosamente, pegavam as minhas e deslizavam por aquele abdómen sarado. Os nossos movimentos rimavam com aquela dança. Eu mergulhava os meus olhos nos dele e isso me fazia feliz. Pois é, fazia. Não faz mais. Ele estragou a noite que era pra ser só minha. E toda vez que eu olho pro presente que ele me deu sinto vontade de chorar, por mais que já tenha chorado. E por mais que isso seja bobagem. E por mais que ele seja só mais um que pensa que tem o meu amor. E por mais que eu não tenha mais porquês. Só fica a pergunta: Why, Miguel, why?

O nosso amor a gente inventa
pra se distrair...
E quando acaba a gente pensa
que ele nunca existiu.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

can't cry these tears...

Peso no peito. Porque a princesa vestida de cetim cor-de-rosa escondeu-se entre as olheiras de sua face serena, e as lágrimas cessaram, embora a garganta presa e o sublime desejo de salgar e esquentar a textura da epiderme. Os saltos continuam jogados num canto, já anestesiados pela rejeição, e o anel de ouro branco envolve o dedo da menina-mulher que mergulha seu olhar vazio nos olhos desse príncipe. Ele a faz sofrer física e emocionalmente. Os diamantes cintilam seu brilho e ostentam todo o poder da bonequinha de luxo sem que ela precise se sentir notada pela platéia aflita. Frio na espinha: receio que lhe percorre a barriga e fragiliza a medula apodrecida dos sonhos de garota. Escuro. Somente um par de olhos azuis que, pelos quais, seria impossível não perceber a ternura e a malícia imprimidas. Pressão: corpo quente por dois outros corpos perfeitamente bem delineados que grudam-se, aos poucos, na princesa vestida de cetim cor-de-rosa. Mãos deslizam pelo abdómen musculoso e a excitação no peito dela, onde fervilha o sangue vermelho e intenso. Dedos quase entrelaçados, quatro mãos apalpando-a. Respirar e sentir o mundo sumindo nesses peitorais masculinos e nesse par estonteante de olhos azulados que daria pra gente mergulhar dentro. Movimentos e chão. Odor do perfume deles exalado. Sonho e realidade mais próximos do que nunca. Garotos realizando bonecas de porcelana que, por pouco, não se quebram e voltam a chorar pela própria beleza desperdiçada...
(Eu só queria desaparecer dentro dos olhos daquele filho da puta.
É mais um pensando que eu gosto dele. Eu juro que eu não gosto...)

terça-feira, 8 de maio de 2007

identidade

Vocês querem saber quem eu sou? Vocês querem realmente saber?
Eu sou produto da geração think-pink. Uma patricinha fútil de deliciosos quinze anos. Sou dotada de força nas palavras e olhos doces e inocentes. Tenho amigos lindos, são todos iguais a mim. A gente se encontra nos finais de semana e faz tudo o que nos é de direito, e violamos certas leis, também, porque apesar de tudo não somos perfeitos. Estudamos em conceituadas escolas particularess de Ensino Médio e estamos sempre vestindo roupas grifadas, de modo que isso já não faz diferença pra gente. Mentimos descaradamente uns pros outros, somos falsos, eloquentes e superficiais, mas a gente se ama. Chamam-nos de pop's. Alguns dos meus iguais pensam que todo mundo nos adora, mas isso é mentira. Sabemos que as pessoas nos acham uns desocupados com o nosso visual de anúncio de revista e o nosso ar de superioridade. Entretando, é erro deles nos subestimar. Nossa visão é muito melhor do que eles acham que é. Também temos os nossos distintivos, principalmente eu. A gente também chora e pensa em se suicidar. A única diferença é que por algum motivo, a gente pode...

sábado, 5 de maio de 2007

quinta-feira, 3 de maio de 2007

yes, there were times, I'm sure you know...
(porque eu ainda olho pra você)
... biip, biip, biip! Minha mão emerge dos lençóis e eu dou um tapa no celular, sem abrir os olhos, porque eu estou dormindo, merda. Sete horas. Tomo um banho mais rápido do que eu levo para dizer esta linha, me enfio dentro de um jeans Calvin Klein, um moletom Puma vermelho e calço os meus Nikes que eu deixei atirados na sala, visto que aqui ninguém arruma nada, além da empregada. Prendo meu cabelo num rabo-de-cavalo mal feito porque eu estou atrasada e não pretendo fazer uma escova agora. Paro diante do espelho e noto como as minhas olheiras estão enormes. Foda-se, não tenho tempo de fazer uma maquiagem e minha mãe já está me esperando dentro do carro. Minhas têmporas estão sendo apertadas por tenazes, estou morrendo de sono, tenho um teste de biologia nos dois últimos tempos. Eu mereço? E como se não bastasse, minha mãe começa a me encher de perguntas sem nexo e me dizer que eu deveria ser mais organizada e, pelo menos, fingir estar de bom humor. Mas eu nem ligo, visto que estou ocupada demais mechendo na minha pulseirinha de cristais. Dois tempos de matemática e eu não tenho a menor vontade de ouvir explicações sobre método científico. Não agüento mais olhar pra essas nucas na minha frente. Um tempo de história. Egito? É, pois é. Recreio. Fofocas. Todo mundo comentando sobre a minha festa! Dois tempos de biologia. Prova. Cansaço. Nunca me senti tão cansada. Não sei por que, mas tem algo errado comigo e isso me deixa PUTA! Ficar triste sem saber o motivo. Acaba a aula e o meu celular toca. Prontamente, eu lembro que marquei de almoçar com a minha mãe. Por que eu? Por que hoje? Entro no restaurante e ela já fez o pedido. Não toco no meu prato, como sempre. Somente a idéia de comer algo sólido me dá ânsia de vômito. Mas de qualquer forma eu como uma salada de aspargos com não sei o que, só para ela não me encher o saco e dizer que eu estou com anorexia. Três tempos de aula durante a tarde. Estou mais enfadada do que nunca. Volto pra casa de táxi e subo aquelas escadas intermináveis. Vou para os meus aposentos e durmo. Durmo até o anoitecer. Acordo morrendo de fome. Tomo só um suco light e vou fazer qualquer coisa. Me perco nos acordes de um pianista qualquer e desejo a felicidade.
Acho que eu estou com problemas...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

ceninha super out

Aquele escroto pensou que ia me abalar se esfregando naquela cópia piorada de mim, na frente de todo mundo. Se eu me preocupei? Em momento nenhum. Ele tem a vida dele, eu tenho a minha. Tenho os meus alvos, e muito bem selecionados. Poderia ter agarrado aquele loirinho filho-de-alguém-muito-importante (que eu mal sei o nome) que estava sentado do meu lado, quase caindo no meu ombro, mas eu não quis me rebaixar ao nível dele e fazer uma ceninha de ciúmes super out. Ridícula! Todo mundo comentou. Eu apenas agi normalmente, sem muitas alterações de ânimo, pra não parecer provocação e, principalmente, pra não correr o risco de aparentar estar desesperada, claro que não. Se ele quer fazer papel de criança, o problema é dele. A minha festa é daqui a três dias e eu estou me lixando para o resto!
Quando? Sábado, dia 5. Onde? No Hotel Village Center. O que levar? Os seus amigos mais lindos, e um presente, é claro!
Vejo vocês.

terça-feira, 1 de maio de 2007

um banho de realidade sem gelo, por favor.

As músicas me falam que o amor existe, e eu continuo estirada na minha cama com os olhos fechados esperando alguém me ligar. Meu ar radiante foi engolido por um ar de indiferença, e a culpa não é minha, merda. O que dizer sobre esses meus sentimentos? Nada, isso enche o saco de todo mundo. A felicidade de uns, faz a infelicidade de outros. E aí vem a inveja. Não que eu esteja sentindo inveja de uma das minhas "iguais", jamais. O problema é ver toda aquela gente com os os rostos colados e brilho nos olhos e ficar totalmente perdida e sem saber o que fazer. Ir até o banheiro e encarar aquela pobre criatura que deixaram lá plantada para vigiar o recinto, e olhá-la de cima dos meus escarpins Forum com o intuito de me sentir melhor, para depois, sentar a minha bunda no sofá e balançar as minhas pernas no vazio. O que eu ganho com isso? Dores de cabeça. Uma vez que festas não são locais apropriados para se pensar na vida e, sim, para se divertir. E já que eu não consigo me divertir mais, eu penso e encaro todo mundo, sem medo nenhum. Sempre esperando alguém que me faça ver estrelas e me tire um pouco dessa realidade superficial.
Eu acho que eu cansei. Agora, eu vou só esperar.