quarta-feira, 27 de junho de 2007


Era tudo o que eu estava precisando: uma tarde deliciosa com as minhas duas melhores amigas. Hidratação nos cabelos, máscara para a pele, DVD's, chocolate suíço, gritinhos histéricos e muuuuuuuuuuita fofoca!

domingo, 24 de junho de 2007

nightclubbing, we're nightclubbing!

Estão todos aqui. A nossa mesa está transbordando de drinques coloridos e corações despedaçados. As garotas explodindo dentro das roupas da última tendência, os garotos, devorando-nos com olhares absolutamente impassíveis. É uma festa, uma idéia solta na nossa cabeça de mármore. A música faz tremerem as paredes, a gente não consegue se falar. Esboçamos os sorrisos mais falsos e lançamos olhares viciados embaixo dos nossos cílios de borboleta. Está tudo tremendo, não consigo pensar. Melhor assim. Pelo menos eu não fico me questionando sobre o porquê de vir sofrer aqui, sempre aqui. Olho pro lado e a figura dele se recorta através de um ar de enfado que ele vem carregando ultimamente. Os nossos olhares se encontram e eu reviro o anel no meu dedo. Ele sorri com segurança, eu retribuo, meio encabulada. Por dentro, meu sangue ferve e sou tomada pela vontade de ir falar com ele, perguntar como estão as coisas, por aonde ele anda. Mas não, é erro meu. Preciso parar de me torturar, ele não está nem aí pra mim. E, no fundo, nem eu. É só carência. Apenas vontade de ter alguém pra me proteger desse mundo insípido. Não posso observá-lo. Não posso calcular a freqüência das suas olhadelas de soslaio para a minha mesa. Não posso, não posso, não posso! Mas quero. Alguém me puxa para pista e eu vou. Danço sem saber por quê. Faço coisas amalucadas, desprendo minhas curvas, jogo os cabelos para trás e sinto uma mão gelada deslizando pelas minhas costas de fora. Ignoro, todos fazem isso. Essa gente que vem aqui exibir seus semblantes estéreis , pensando que estão abalando, sujando o nome das nossas boates de primeira com seus tênis fodidos e a roupa menos pior que encontraram. Náuseas, isso me dá náuseas. Tanto faz, já não me importo. Enquanto me entrego ao som gritante, com os meus olhos inocentes fechados, desejo estar ao mesmo tempo aqui e em qualquer outro lugar. Desejo a minha cama quente, os meus lençóis imaculados. Desejo estar nos braços dele. Desejo me livrar desses pensamentos viris.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

tá tudo assim, tão diferente...

Não tenho o que falar. Eu não estou triste, são apenas pensamentos. As coisas andam insípidas demais, os dia não tem cor, as noites cessam numa volatilidade enfadonha e eu continuo intacta dentro do meu boeing impessoal esperando qualquer toque de acordar. Estou com vontade de sair e enlouquecer o meu corpo nos resíduos da madrugada, mas não hoje. O meu olhar viciado, às vezes, ainda encontra-se com o dele, mas isso não dura mais do que dois segundos, eu resisto. Ele não significa nada pra mim. Nada. Eu só quero dormir, porque chorar alivia, e eu não vou aliviar nada. É indolor. Quero consolidar sorrisos infantis junto com quem vier me fazer feliz e parar de cair rapidamente nos piores clichês. Só hoje.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

rotina

O espelho defronte a mim rouba toda a cena. Vejo refletido nele olheiras enormes engolindo os meus olhos. Parece que eu chorei a noite inteira, mas não é nada disso, eu só estou com frio. A pessoa que me encara está com o rosto magro, as faces macilentas e os cabelos horrendos. Sou eu. Eu, e o meu ar blasé de sempre. Tomo um banho rápido e quente, enfio o uniforme cinza da escola, um sobretudo preto por cima e Nikes brancos. A atmosfera viciada da minha casa pelo ar condicionado implora para que eu fique ali mesmo, mas eu a contradigo. Demoro cinco minutos para encontrar os meus livros, dou uma última olhadela para o espelho do Hall de entrada e saio. Tem sol lá fora, e faz com que os meus cabelos se iluminem e os meus olhos sonolentos se fechem. A maquilagem cobriu quase todas as minhas olheiras, ainda bem. Os meus pensamentos insanos são interrompidos pela busina irritante da Mercedona da minha mãe. Isso me tira do sério, literalmente! Entro no carro, coloco os meus fones de ouvido e ouço Bjork no meu Ipod até chegar na escola. Adentro aquele portão imenso, sinto o olhar do segurança me fuzilar e adivinha quem eu encontro? Aquele filho da puta surge não sei da onde, mais lindo do que nunca, com o mesmo sorriso de sempre, a cara de sono, os olhos azuis brilhando mais do que o sol e a mochila Kipling pesando em um ombro só. Ele diz oi, pergunta se eu estou bem, mas eu não estou nada bem. Tanto faz, não tenho condições de dar uma resposta digna. Ele fala que está ótimo, como sempre. Idiota! Sempre ótimo! Quase pergunto qual é a piranha da vez, mas me contenho. Digo que estou atrasada e me mando para a sala de aula. É claro que eu fico o tempo inteiro pensando no que aconteceu entre mim e ele, que, na verdade, nem chegou a acontecer. Mas ok, eu supero. Eu sempre supero.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Eu me sustento tomando Desobesi-m. Ninguém sabe disso, consegui sozinha. Quando a euforia cessa, surge a depressão, e assim por diante. Alguém faz isso parar, por favor?

Protect me, protect me.

domingo, 10 de junho de 2007

...

Eram duas horas da madrugada quando chegamos a boate que já estava empanturrada de gente. Eu já não agüentava o salto das minhas botas, mas deixei-me embalar pela música e os resíduos da noite. Durante três horas e meia tornei-me fumante passiva de todas as substâncias ilícitas possíveis, lá ninguém respeita nada. Somos nós que mandamos no pedaço. E até que eu não caia a fundo nos resquícios entorpecentes das drogas, continuarei tendo os mesmos olhos doces e inocentes. Aceitei a maioria das bebidas que me foram oferecidas, dancei descontroladamente, devo ter beijado alguém, desci até o chão e detonei a minha escova. Dirigi-me até o banheiro umas dez vezes com o intuito de passar na frente da mesa do ex de uma amiga minha, para ver qual era a piranha da vez. Visto que nada justificou as minhas idas até lá, e as pessoas devem estar até agora pensando que eu fui me chapar, vomitar, whatever. O fato é que o ex dela deve ter iludido mais um exército de gatinhas no cio, mas isso não é assunto o meu, ela que se vire. A não estava lá, o lugar é cool demais para ele. B estava, e é claro que a chapeuzinho vermelho veio a tiracolo. Como ele é babaca! Mas eu já superei aquele filho da puta, aliás, os dois. Às cinco e meia nós saímos e nos enfiamos, meio apertados, em seis na Mercedona de alguém que eu não faço a mínima idéia de quem seja. Mas que, enfim, trouxe-me ao plácido aconchego do meu lar e a quem eu sou muito grata. Olhando-me no enorme espelho do banheiro, notei o meu rímel Dior borrado e os meus olhos esvaziados. Tirei a roupa, desci das botas e me instalei na minha cama de lençóis egípcios, de modo que eu precisava realmente dormir. Algumas perguntas me assolaram pelos incessantes segundos antes de o meu cérebro descansar e os meus neurônios se reporem. Talvez eu ainda não tenha me encontrado, talvez seja só mais uma suposição errada. Eu só sei que estou precisando respirar.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Protege moi


A cabeça gira, o corpo dói, os cílios sofrem. É um completo eflúvio insano! A dor penetra mais e mais fundo pela alma, pelas entranhas. Uma chave presa na garganta impede a fala, os gritos, e não resta nem mais o choro, a solidão ou medo. E sentir pena e ao mesmo tempo raiva de si mesmo e da própria carne, por errar sutilmente, por ceder à raiva, por não ser a perfeição em pessoa. E de repente não entender mais nada. Não provar nada a ninguém, seguir sem direção. Ainda assim, conseguir permanecer estável, sem expressão, desejando somente preencher linhas, estar mais perto, dormir. Como se o mundo estivesse perdendo sua essência em meios às lembranças, e a ausência fosse penosa. Sem chorar, sem querer. Não poder, não desejar acabar com as emoções febris do passado. Temer a cada recaída, a cada desculpa, a cada dia. E esperar... Junto com o pó intemporal, a dor corroendo as células do cérebro, e a certeza de que dói, e que quanto mais profundo é o machucado, mais demora pra sarar. Beijos obsoletos, ansiedades contínuas, arrependimentos. Sem tempo de perder.
Proteja-me daquilo que eu quero.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

um pequeno desabafo sobre coisas que as pessoas não deveriam fazer

Todas essas verdades doem a vocês. Dá para ver dentro dos seus olhares cansados; dos seus carros invisíveis trafegando pela rua. E daí? De qualquer forma o problema não é meu mesmo. Venham me falar dos seus problemas medíocres e eu lhes darei as costas. Não sou anti-social, muito pelo contrário. Só não tenho muita paciência para vocês, mesquinhos. Essas suas lamentações me causam náuseas, não suporto ouvi-los chorando as suas mágoas de segunda categoria, tenho mais o que fazer. Uma vez que na minha ínfima lista de prazeres não inclui dar uma de analista. Eu já tenho de suportar a mim mesma e as minhas crises existências típicas de uma adolescente saturada de desejos realizados. Então, por que eu teria a intenção de ouvi-los? Mas isso já não me abala. Até porque hoje a noite irei jantar muito bem com as minhas duas melhores amigas, e não estou nem aí pra nada. Afinal, eu estou sempre certa e os outros estão sempre errados. É simples.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Me proteger dos meus próprios iguais. Seguir a mesma linha de pensamento, cair nas mesmas tentações. Irradiar uma beleza estritamente peculiar através de sorrisos macios, ver para crer. Abusar dos mesmos clichês, deletar a palavra rotina, apostar num novo corte de cabelo. Chorar pelas trufas devoradas, pelos amores requentados, pela dor de cabeça insuportável. Tomar um banho quente, purificar os sentidos, expelir os odores que não existem em mim. Retocar o gloss no banheiro da escola, falar mal de todo mundo, ingerir um comprimido atrás do outro. Olhar, apenas olhar. Descobrir o nome do loirinho do Pub. Ver as lágrimas de uma das minhas amigas contra o sol na aula de química. Arranjar um namorado decente* antes do dia 12. Comprar caixas de chocolate suíço em forma de coração. E um vestido para a festa do dia 30. Decidir aonde ir no feriado, fingir uma felicidade enfadonha, caminhar de olhos fechados no pátio da escola. Sentir frio, me sentir ameaçada pela atmosfera viciada da minha casa pelo ar condicionado, vontade de nunca mais sair. Girar o meu anel de ouro branco enquanto o olhar dele me engole. Parecer indiferente. Ouvir músicas melosas compulsivamente, raptar os óculos Gucci da minha mãe e ir para qualquer lugar longe daqui.

decente*: que tenha condições de me dar uma Vuitton nova. E que me ame. E que seja fiel.

sábado, 2 de junho de 2007

lembro

Lembro-me da primeira vez que te deixei, como se fosse hoje. Só não recordo o motivo de ter abandonado toda a felicidade que eu sentia e que era projetada por intermédio de lençóis egípcios. Talvez eu quisesse mesmo tentar convencer a mim mesma de que era possível sobrevoar sozinha essa imensidão por onde caminhamos durante seis meses. Seis meses de consolo, de sentimentos nostálgicos e de uma paixão imensurável que sempre acabava fundindo-se com o calor emanado das nossas carnes úmidas. Seis meses que terminaram com a minha última palavra de ordem, naquele dia em que você estava mais lindo do que nunca. Acabou. Acabou tudo e eu não posso mais voltar atrás. Não me auto congratulo por ter decidido o nosso destino, é de meu feitio programá-lo da maneira que acho melhor, você sempre soube disso. Conhecia a minha impulsividade como ninguém, sabia dos meus pontos fracos, era só fazer com que agulha da frustração me picasse e transformasse os meus sonhos em pó. Mesmo eu dizendo que não sonhava, você podia reconhecer a minha mentira só de mergulhar o seu olhar no meu e ver que tudo o que eu mais queria era morrer ao seu lado. Acho que eu gostava de você, e isso era tudo mas não era nada. Desde o momento que adentrei o teu apartamento e senti o seu respectivo cheiro, todas as minhas tensões cessaram de pesar no meu inconsciente e, por um momento, fui tomada pelo mais indolor desejo de me agarrar em seu ombro e chorar, feito a menininha mimada que eu sempre fui. Se tivesse feito isso, poderia, hoje, estar em paz com a minha consciência, te amando novamente e rindo daquilo tudo o que a gente compartilhava com naturalidade. Poderia me isentar da minha pose de bonequinha de luxo, mas nunca deixar o orgulho da minha vida de sibarita. Mas não foi assim. Eu me ceguei, de repente, me desprendi dos braços da serenidade maleável presa aos meus lábios perfeitos e conjuguei todos os verbos que você nunca merecia ter ouvido. Discuti com classe, o olhar magnético, a postura ereta e o coração vazio. Jamais esquecerei do tamanho desconsolo estampado em teus olhos fatigados e do fastio interno que você mostrava desenhado nas entrelinhas da tua face. Foi demais pra mim. Havia cortes minúsculos por todo o meu corpo que doíam na alma. Os meus sussuros planejavam revelar algum vacilo meu, alguma palavra que me fizesse voltar atrás e te beijar como da primeira vez. Fora em vão. O mal já havia sido feito, o pior estava por vir. A lágrima mais quente e pesada nasceu do mar dos seus olhos e despedaçou os restos que jaziam em cima dos meus escarpins. Eu era a pior pessoa do mundo. E nós não existimos mais um pro outro. As fotos nunca reveladas, os mergulhos no Caribe, a felicidade de alguns meses atrás, está tudo sepultado na profundeza mais celeste da minha culpa impotente. Porque eu lembro, como se fosse hoje.


sexta-feira, 1 de junho de 2007

eu nunca gostei dele de verdade

A gente saía, se beijava, compartilha sentimentos de felicidade. Andávamos de mãos dadas, os dedos entrelaçados, os corpos juntos. Eu sentia o peso da sua boca penetrando na minha, as nossas línguas molhadas e quentes a procura de movimentos perfeitos, a textura da sua epiderme tocando nos meus cílios de borboleta. Ele gostava de mim, tinha medo de me perder. Eu apreciava o seu abraço aconchegante, o jeito como ele punha as mãos na minha cintura. A gente ria, criticava os livros, ignorava o mundo ao nosso redor. Ao lado dele, tudo o que era tédio transformava-se em melodia, as marchas fúnebres tornavam-se músicas alegres, a Bela Adormecida mergulhada nos meus olhos acordava com aquele beijos elétricos, porém doces. Ele era daqueles que se declarava em silêncio, que falava com o olhar e que me conquistava pelos sentidos aguçados. Mas eu nunca gostei dele de verdade.