domingo, 11 de março de 2007

(in)sensível

É preciso ser sensível para gostar dela, é preciso ter um quê de poeta.

Não, eu não sou sensível e nem aparento ser. Pelo contrário, sou insensível demais, pelo que as pessoas falam. Elas nem sempre estão certas em relação a essas colocações, mas eu preciso concordar que estou longe de ser uma pessoa que demonstra tais sentimentos.
A verdade é que eles estão lá dentro. E que eu os reprimo até aonde eu puder. Seja por mania, por medo ou por indeferença. Não suporto pessoas emotivas demais, que batem na mesma tecla até ninguém mais agüentar. Aquele tipo de gente que precisa de palavras para sentir, para ir embora, para notar que está incomodando. O tipo de pessoa que não se "flagra", nunca sabe a hora de parar, que fala mais do que observa, que diz sem pensar.
Calma, não se iludam, afinal, isso não quer dizer que eu não gosto de ouvir um "eu te amo" ou receber flores sem ter um motivo específico. Eu sou uma pessoa educada, dificilmente perco a linha e me rebaixo a níveis inferiores ao meu. Mas quem suporta pessoas que tem medo de quebrar por qualquer motivo? Ou que fingem fragilidade para sair ganhando? Sinceramente, isso não faz a minha cabeça.
Certa feita, conversando com a minha psicóloga, comentei sobre esse meu aspecto de não entregar meus sentimentos às pessoas, de não confiar nas mesmas. Comentei sobre a minha insegurança em ouvir elogios da boca dos outros, ou de não reagir a coisas extremamente "bonitinhas". Confesso que relutei em aceitar a resposta dela, uma vez que esse é o meu jeito de ver as coisas, de me relacionar com os demais - ainda que e me ache superior em diversos casos. Mas ela me fez ver que toda essa frieza é motivo de auto-preservação; é diferente de medo, claro. É minha desefa pessoal, meu constrangimento em amar as pessoas, em ser surpreendentemente evasiva.
Ainda não sei, exatamente, se isso faz bem ou faz mal pra mim. Mas por trás dos meus óculos escuros, eu sou como uma bonequinha de porcelana: sensível. E pra gostar de mim? Tem que ter, sim, um quê de poeta.

14 comentários:

Lis. disse...

O seu texto lembrou-me um episódio...

Já estive assim como você fazendo algumas sessões de psicanálise, e um dia meu psicólogo perguntou-me se eu sabia o que era uma redoma. Respondi-lhe que a redoma era uma proteção de vidro para algo que não podia ser tocado. O psicólogo afirmou-me que eu estava trancado dentro de uma redoma, e que um dia, algo, ou alguma coisa, me faria sair de dentro dela. Eu ainda não tive oportunidade para parar e pensar sobre isso...

Quanto à cidade de Rio Pardo, é lá onde moravam meus finados avós paternos. O meu avô Álvaro de Aguiar Lisboa era um escritor e poeta. Casou-se com Cezira do Canto Lisboa -minha avó- e tiveram sete filhos. Um deles foi o meu pai -Rolmo do Canto Lisboa- já falecido. Eu sou o Rolmo P. Lisboa, herdeiro da continuidade da árvore genealógica da familia, que poderá ser encontrada pelo Google.

E você menina complexada qual o seu nome e de onde tú és?

Jana disse...

Sou como vc, entendo bem dessa coisa de auto preservação e de armaduras que vestimos!

Beijos

Anônimo disse...

Sabes, este tipo de texto como o que escreveste agora, é uma coisa muito original, por que por mais que tenhamos sentimentos parecidos as pessoas semrpe tem pequenas diferenças, costumo chamar esse tipo de texto de "monologo do espelho", é inquietante e interessante por que a imagem que temos de nós mesmo dificilmente é a que os outros tem da gente. Acho que tenho um "quê" de poeta. Posso gostar de voce?

Su disse...

"fingem fragilidade para sair ganhando", isso também me destempera, viu.
Medo da exposição, será mesmo? Mais uma agora pra eu pensar...
Beijo!

Anônimo disse...

Realmente excesso de sensibilidade é uma merda.
Assim como excesso de frieza...
Importante é sempre o meio termo, o equilíbrio, a auto preservação sim, mas sem ferir ou magoar ninguém.
É o que eu procuro fazer, e não é algo fácil nem simples de se conseguir.
Mas creio que tudo depende do nosso momento, do que realmente buscamos e nas oportunidades que aparecem.
E, a julgar pelos seus textos, você tem um bocado de sensibilidade aí dentro, mocinha.

Beijinhos.

Haya disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Haya disse...

Eu sou muito sensível sabia? Mas sou um demônio também. Um demônio sensível, então.
Eu tb escondo sentimentos. Principalmente pros homens. Adoro ter um ar blasé e tal...rs. Quase "fazer tipo", sabe. Pois é...

Ah! Cheguei da praia...rs

Dani disse...

Vc é assim e ponto final. Se te faz bem ou mal...te incomoda ser assim? Ou te incomoda o fato de vc pensar o que os outros vão achar???
Bjs garotancomplexada e de porcelana, rsrsrs

Anônimo disse...

Somos opostas entao! srrsrss.
Por que eu sou sensivel ao extremo.
Mas olha...na boa:
DETESTO SER ASSIM!

BJOS***

Anônimo disse...

Sensiveis demais?
Poetas demais?
Fechados demais?
Caretas demais?
Desconfiados demais?

Agora, procure juntar uma pitada de cada ingrediente, o que será que vai dar??
Não, não será um ser perfeito...
Será cada um de nós, que somos dosados com pequenas pitadas, cada uma em uma dose cria nossa personalidade e nosso jeito de tratar as coisas da vida....
E a vida nos ensina, que podemos melhorar, mas sempre respeitando nós mesmos....
Beijoss

R. disse...

E quem vai poder dizer que você está errada? E quem vai se arriscar a dizer que tá certa? Por mais piegas que seja, o importante é ser feliz!

Bjs

Anônimo disse...

Olá.. tudo bem?.. Voltei.

Isso que é alma de um ser impar...
Parabéns!!!

bjsss

Cristiano Contreiras disse...

acreditar que não é permissível à sensibilidade é se ausentar da essência humana..

abs

Lis. disse...

Mistérios...
Circulam o mundo
Terra, céu, e mar.

Talvez...
Ainda entenda
Seu jeito de amar.

Respeitando...
O que se passa no mundo
Fora e dentro de nós mesmos.