domingo, 18 de março de 2007

às vezes é melhor não sentir

... meu pesadelo que acaba e abro os olhos para o pior. Minha cabeça está latejando e minhas pernas estão moídas. O gosto de fracasso pode ser sentido por mim até nos meus sonhos. Que dia é hoje? E só depois percebo meu celular gritando ao meu ouvido, me falando coisas que eu não desejaria ouvir ao meu pleno despertar da desgraça. Ele se desculpa, diz que estava descontrolado, que não pensou direito, enquanto eu tento entender do que se trata tamanho remorço e relembro cada frustração de ontem à noite: o choro que insistia em não sair e o álcool de várias substâncias penetrando nas minhas células. Tento ouví-lo, mas estou ocupada demais mexendo na minha pulseira de cristais Swarovski. Ele repete, chora, diz que quer voltar, que estava de cabeça quente, que me ama mais do que tudo, que recebeu um choque quando eu decidi terminar o namoro. E eu não presto atenção em nada, em nada. Apenas digo "sim", "ok", "vou pensar". Levanto da cama com dificuldade e com o celular ainda no meu ouvido. Vou para o banheiro e o espelho me fuzila, mostrando a minha piastra detonada, minha maquiagem borrada e meus olhos mais confusos do que nunca. Dormi sete horas. Queria dormir até esquecer de tudo, pra ter coragem de entrar naquela sala, amanhã. Mas não, eu não posso. Tenho um zilhão de coisas a serem feitas. Tenho que desfazer um zilhão de mal entendidos. Tenho que voltar a mim mesma e erguer a cabeça do jeito que eu sempre faço. "Sim, eu entendo. Eu vou pensar, juro. Até mais, tchau". Uma mentira atrás da outra, um remorço atrás do outro e um vazio imenso me consumindo. Ressaca. Interior, exterior, implícita, explícita. Ódio. Do garoto do meu
sonho, do ex namorado querendo que eu volte para ele, das minhas amigas, de mim mesma. Minha pele ainda exala cheiro de Hugo Boss, e eu nunca me senti tão perdida em toda a minha vida. Por que? Por que? Perguntas desprovidas de respostas, corpos que não lembram mais de mim, músicas engolidas pelos meus movimentos frenéticos, fotografias jamais reveladas, olhar magnético fingindo força e dois pedaços enormes de bolo de chocolate.


Vou morrer o dia inteiro.

7 comentários:

david santos disse...

Olá!
Chocolate é bom. Quem não gosta?
Bom trabalho. Parabéns

Anônimo disse...

Embora por motivos diferentes...eu tb vou morrer o dia inteiro ...

Mas a gente ressucita.

Boa semana

Jana disse...

Sabe às vezes precisamos apenas fazer o que precisa ser feito. Meio robótico, meio natural...

Beijos

caracol menina ~° disse...

Oiiiiii
Nossa, amei td apesar de ser trágico qdo se vive o momento.
É assim que estou vivendo há alguns meses... Há mtos meses e vc descreveu tudo, nos minimos detalhes.
Parece estranho eu dizer isso, mas Morra mesmo. Eu faço assim. Morrrroooooo mto, me escondo, como doces e chocolates, ouça Legião ou outra coisa e depois...
Reapareça das cinzas

Haya disse...

Será que minha teoria de sair fora antes que tudo se transforme em caos se aplica?
Eu AMO seu jeito de escrever. AMO.
Beijocas

Alê Quites disse...

Ah! Sinta! Só assim podemos agir da forma mais correta.
Beijos*

R. disse...

Ah, a vida! Engraçado como os momentos ruins ficam bonitos quando bem escritos... De qualquer forma, de tropeço em tropeço se chega em algum lugar, né?

Tardei, mas coloquei seu link por lá.

Bjs