quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Em frangalhos

Eu ainda tenho gravadas no meu celular as mensagens de texto que você me mandou, e eu sei que isso não me faz bem. É o sinal de fracasso dos fracassados que tanto desprezo e, contudo, agora faz parte de mim. A gente existiu um para o outro durante algum tempo. A verdade foi que pudemos sentir aquele latente sentimento palpitando nos nossos corações mimados demais. A gente cometeu os erros mais doloridos, falamos um para o outro coisas que não se diz; a gente abusou dos clichês mais surrados, quando na verdade só queríamos suprir a fome de carência que mordia o nosso estômago em frangalhos. A dor do primeiro encontro, do primeiro beijo, das lágrimas derramadas nos meus lençóis brancos. Não houve tempo suficiente para que eu te amasse fisicamente, porque você não permitiu que eu chegasse perto. Foi recuando, enquanto eu tentava inutilmente me agarrar aos últimos fiapos de afeto que você ainda sentia por mim. A verdade é que nós nos autodestruímos durante uma semana; e eu nunca pensei que fosse viver tanto em sete dias. Você abriu a porta do seu Audi pra eu entrar e isso não se faz. Você queria ser único pra mim; e, parabéns, você conseguiu. Tudo o que a gente chamava de amor era só um pretexto para ficar invisível a todos os outros problemas que naquele momento pareciam pequenos, se comparados a todo o sentimento envolto nos nossos lábios sôfregos. Era verdade que eu queria destilar terceiras intenções. Quando te chamei de poeta não estava mentindo. Mas você é poeta e não aprendeu a amar. Eu gostava de mergulhar o meu olhar no seu e ler o que eu estava mentalizando, gostava mesmo. A verdade é que eu precisava de alguém para amar naquele momento; de alguém que me fizesse ver que a felicidade se retifica e que os pensamentos se materializam em pouco tempo. E por incrível que pareça você me mostrou que isso era possível; e me mostrou, ainda, que se deve ter cuidado na hora de desejar. O problema foi que acabamos nos sujando demais, um contra o outro. Nada em vão. Sempre serei aquela que te amou quando você mal sabia onde estava pisando. Aquela que não falava, mas sentia tudo. Pelo menos eu tentei e sei que não certo. Pelo menos eu sei que pecado é agir como se eu te amasse, quando na verdade eu só preciso sorrir.

5 comentários:

Carla disse...

Nossa... nem sei o que dizer...
Mas numa coisa eu sou igual: gravo todas as mensagens do celular pra ficar vendo depois...
Bjus...

caracol menina ~° disse...

assim: antes o fracasso partucular do que o fracasso público.

caracol menina ~° disse...

*particular

Dani disse...

"Sempre serei aquela que te amou quando você mal sabia onde estava pisando. Aquela que não falava, mas sentia tudo."
Perfect!!!!
Bjs GC

Anônimo disse...

Me traduzi nesse texto.
Juro para voc�.

N�o vou esperar permiss�o. Vou te linkar para n�o perder o caminho.