sábado, 21 de abril de 2007

sutileza

Sutil - era isso. Um adjetivo para uma sensação. Apenas "sutil". Duas faces se estudando lentamente, com cuidado, sob filetes tênues de luz, mãos testanto os fios ansiosamente, visões entelaçando-se aos poucos, lábios roçando calmamente a textura da boca, e esta, abrindo-se para o despertar de línguas abstinentes de lucidez. Sutileza. Talvez, beijar fosse mais do que "sutil". Beijar era um teste, uma reação, o rascunho de um romance incompleto. Beijar era um ato sublime atraindo segundas intenções. Nunca saía de moda. Era lindo. Beijar era mais do que um contato físico, era, sobretudo, emocional. Não envolvia e tampouco marcava como o sexo, de jeito nenhum. Mas falava, um beijo podia falar - pelo paladar, pelas entrelinhas, pela sensação. Sensação. Beijar era simples. Beijos proibidos de adolescentes eram ainda melhores. Mas beijar um desconhecido, um estranho, era totalmente... real. Faltavam palavras para definí-lo, os corpos mal se tocavam, a saliva deslisava por entre as duas bocas novamente virgens .O gosto era de angústia fundida com ânsia. Talvez, nem precisasse ser explicado, bastava ser sentido. Bastava beijar um desconhecido, amar um desconhecido até que o beijo terminasse. Era mais fácil. Não existira a dor e tudo acabaria com um sorriso.

4 comentários:

A Autora disse...

Também escrevi sobre o beijo...coicidência....adorei....a idéia de linguas abstinentes de lucidez.....o que te faz complexada (risos)??? adorei.....
Carol Montone

Anônimo disse...

Beijar um desconhecido?
Sei lá mas, eu acho o beijo tão sagrado...Coisa minha, liga não.
Só dou minha boca, meu sabor e meu tesão a quem eu, pelo menos, estou apaixonado.
Por isso nunca entendi essa coisa de "ficar".
Quem "fica" comigo, não vai embora...Se é que me entende.

Quanto ao seu comentário em meu blog: Isso de estar qurendo um novo amor é mais simples do que imaginamos, é só ficarmos atentos.
Porque o amor, a paixão, aparecem sem avisar, e nos preenchem completamente.
Assim fica mais fácil enterrar quem já morreu.
Sensibilidade sempre atenta...É isso.

Beijos carinhoso.
Gosto muito de você, viu? =)

Lis. disse...

As palavras também se beijam.
As palavras fazem-se vivas.
As palavras tem seu poder.

Palavras
palavras
Palavras

"No principio era a palavra e a palavra estava com Deus... Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens." (Jo 1: 1-4)

Importante era o valor da palavra, quando a palavra empenhada era considerada verdadeira. O tempo foi passando e a coitadinha foi caindo na vulgaridade, triste, desconfiada, egoísta, mesquinha, desaforada, enganadora, sempre saindo pela boca das pessoas que se veem sózinhas. Estar só... somos todos solitários misturados na solidão coletiva pela falta da amizade verdadeira. Eu e você estamos sózinhos porque nos falta a verdade para ganhar ar, poder respirar... amar, encontrar um refúgio seguro, um porto seguro para atracar nossas esperanças ao invés de lança-las ao vento. Você garota complexada nunca foi mal amada. Foi esquecida, desconsiderada, dramáticamente abandonada, sem nunca ter sido mal amada por quem tem um jeito como ninguém de se fazer presente sem estar ausente do teu bem querer.

Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração

Meu bem querer
Tem um "quê" de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem-querer meu encanto
Tô sofrendo tanto

Amor
E o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado prá morrer de amor?

(Djavan)

Haya disse...

Por isso acho que dizem que o beijo é mais caro que sexo. Sei lá, vai saber...
Beijo, flor.